quinta-feira, 19 de março de 2009

Ah, bruta flor, bruta flor

Que existe a beleza, o amor, o instante pleno, isso lá é verdade. Mas é verdade que, agora, nada me completa. Nada completa. Eu não te basto e tu só me sobras.
Porque existe também a dor. Que além de ensinar, além de ser pouco frente à intensidade do instante vivido, dói. Machuca e Machuca. Até não mais ser dor. Até destruir a capacidade de sentir. A capacidade de, além de sorrir e alegrar e gozar, sentir dor. E quando o sentir se esvai, é a maior das evoluções - evoluir pra quê, pra onde, meu Deus?
Porque existe também a razão. Que inventa e desinventa e faz e desfaz. Que dá sentido a tudo pra suprir o não sentir quando mais nada é sentido. A razão. Que além de medir, pesar, explicar e enganar, racionaliza. E é dividindo pela raiz quadrada de dois que até o des-sentido fica menor. E é virando cálculo que não é mais dor, é o doer divido - nada além de uma explicação. Daqui pra li, de mim pra ti, dali praqui e de lá pra mim.
Ali, maior que um, mas irremediavelmente menor que dois, é onde as dores se confundem. E confundem.
Ah, bruta-flor, só confudem.

domingo, 15 de março de 2009

Foi pra eu acordar
eu vi você se aproximar de mim
fez que vinha, deu a volta
e se abraçou com outro alguém
tudo não passou de ilusão
parecia a vida me dizendo
caia em si, tatuí

Tatuí|3 na massa e Rodrigo Amarante